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Mostrando postagens de janeiro, 2007

Bottom of the Stairway

Quando eu estava lá, correndo contra o tempo que me era cuidadosamente marcado pelas duras badaladas do relógio, você não me ouvia. Eu te falei, mesmo que silenciosamente, de uma maneira mais gritante que a própria voz. Escrito nos meus olhos, com marcas que só os que realmente amaram poderiam perceber. Repeti incessantes vezes, enquanto o brilho que refletia seu sorriso iluminava o dia. Mas esse brilho foi mais forte do que eu, mais forte do que minhas fracassadas tentativas. E você não me ouviu. O que me resta de sanidade, depois de tudo que você extraiu de mim, me impede de me entregar por completo. Desculpe, mas eu não me silenciarei por você. Alguém há de ouvir. Quando chegar o momento Esse meu sofrimento Vou cobrar com juros, juro Todo esse amor reprimido Esse grito contido Este samba no escuro Você que inventou a tristeza Ora, tenha a fineza De desinventar Você vai pagar e é dobrado Cada lágrima rolada Nesse meu penar

Então...

Aqui estou eu. No frio, na chuva, no caos. Desnuda, tremendo, no perigo, sobre a linha do trem. Debaixo das rodas do caminhão. Pisando em espinhos, saboreando o arsênico. Com as mãos erguidas, fechadas, segurando todos os sentimentos que eu nutro por você. E onde está você? I've always wanted for you what you've wanted for yourself And yet I wanted to save us the high water or hell And I've kept on ignoring the ambivalence you felt And in the meantime I lost mysfelf In the meantime I lost myself I'm sorry I lost myself

Goodbye, Alice in Wonderland.

Peçam-me para fazer coisas que eu não gosto. Ir no supermercado. Marcar médicos. Sair com desconhecidos que possuem amigos em comum. Acordar cedo. Ter ensolação depois de horas na praia. Discutir com os pais. Pegar um avião. Mudar do verão perfeito do Rio de Janeiro para o inverno depressivo de Washington. Mas, por favor, não me peça para despedir-me de você. Dizer adeus antes do tempo. Fechar o que nem começou. Terminar um livro sem sequer lê-lo. Abrir um baú antigo repleto de documentos e histórias, totalmente novas aos seus olhos, mas ter que fechá-lo antes mesmo de sentir o áspero das páginas amareladas. E assim eu vou embora, sem ter você. E todos os castelos de fantasia que eu criei desabaram. E todos os sonhos fantásticos que eu projetei, se desfizeram. Tudo aquilo que eu guardara para um dia lhe dizer ficou engasgado na garganta. Sem conseguir sair, perdido em um meio-termo infindável. Prefiro agulhas incandescentes, solos gélidos, a ter que perder você para a distância, te d...

Pace through Nothingness

Lá estava eu, caminhando por entre o cenário perfeito. A grama não pinicava, o vento não despenteava, o sol não queimava, as árvores se moviam delicadamente com o vento, as folhas douradas no chão iam abrindo espaço para a passagem. As cores eram intensas, como se alguém houvesse aumentado a saturação do visor da minha vida. Eu caminhava e não me cansava, nem sentia sede, mas parava para beber água em um lago natural límpido e transparente. Só faltava você chegar, e então nem mesmo toda aquela perfeição seria páreo para a sua imagem. Mas você não veio. E eu esperei. As estações mudaram, as folhas douradas se tranformaram em folhas marrons e sem vida, vento passou a soprar mais forte, o sol ficou escondido entre as nuvens, as árvores secaram, o lago se agitava. Repentinamente, tudo que eu conhecia passou a ter um tom cinza e amargurado. E eu continuava lá, sentada na grama que machuca a pele, sentindo fome, tremendo de frio, mas nada se comparava à vontade que eu sentia de vê-lo. Aind...

Bedtime for Alice

Não me importa as milhas que nos separam. Os quilômetros de estrada dura e cinzenta que nos afastam. Pouco quero saber do quão diferente é a paisagem que nos divide. O que me rasga e dilacera é quando, mesmo estando no mesmo aposento, você sequer pega em minhas mãos. Todo um jogo que durou vários meses de repente se desfaz suavemente dando espaço a uma realidade gélida que eu temia encontrar. Todas as palavras que me fizeram ir dormir certa de que minha vida não poderia ser melhor, digitadas de maneira a me embalar num sonho perfeito, recebidas com sorrisos e taquicardias de uma pseudo-adolescente apaixonada. Onde estão aquelas frases que me transportaram a um conto-de-fadas? Para onde foi o romantismo, o carinho, a saudade? Onde está a vantagem em fazer alguém delirar em fantasias que sequer existem? Guess it wasn't real after all Guess it wasn't real all along....