Peçam-me para fazer coisas que eu não gosto. Ir no supermercado. Marcar médicos. Sair com desconhecidos que possuem amigos em comum. Acordar cedo. Ter ensolação depois de horas na praia. Discutir com os pais. Pegar um avião. Mudar do verão perfeito do Rio de Janeiro para o inverno depressivo de Washington. Mas, por favor, não me peça para despedir-me de você. Dizer adeus antes do tempo. Fechar o que nem começou. Terminar um livro sem sequer lê-lo. Abrir um baú antigo repleto de documentos e histórias, totalmente novas aos seus olhos, mas ter que fechá-lo antes mesmo de sentir o áspero das páginas amareladas. E assim eu vou embora, sem ter você. E todos os castelos de fantasia que eu criei desabaram. E todos os sonhos fantásticos que eu projetei, se desfizeram. Tudo aquilo que eu guardara para um dia lhe dizer ficou engasgado na garganta. Sem conseguir sair, perdido em um meio-termo infindável. Prefiro agulhas incandescentes, solos gélidos, a ter que perder você para a distância, te d...
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